terça-feira, 25 de outubro de 2011

Uma Nova Chance - Bispo Paulo Júnior

Pela terceira vez, aquelas palavras saíam de sua boca. O galo canta. Jesus o olha. Pedro desaba por dentro, sai daquele lugar e chora amargamente. Cristo é crucificado. Os três dias seguintes talvez tenham sido os mais difíceis da vida do apóstolo. Além da imensa dor da perda, deve ter carregado consigo um pensamento horrivelmente acusador: “a última imagem que Jesus teve de mim foi o momento em que o neguei”. Queria muito pedir perdão, precisava tanto conversar com ele mais uma vez… nem que fosse por poucos instantes… mas, como? Ele havia morrido.
Lembrou-se que nos últimos três anos Jesus havia sido seu melhor amigo. Fizeram tanta coisa juntos! O dia em que Jesus o ensinou a pescar muitos peixes. Os dias em que o ensinou a pescar homens. A vez em que tirou moedas da boca de um peixe. O monte da transfiguração, inesquecível! O momento em que Jesus disse que estava lhe entregando umas chaves especiais. Os sermões, as parábolas, os milagres. As risadas, as conversas reservadas. A noite em que andou sobre as águas! E quando começou a afundar… Jesus o segurou. Percebeu que a mão de Jesus sempre esteve estendida para ajudá-lo quando as águas da vida tentavam afogá-lo. E no dia em que seu mestre mais precisou dele, ele o negou… três vezes… aquilo rasgava seu coração.

Enquanto isso, nesses mesmos três dias, Jesus estava fazendo sua obra. Ele estava lutando por Pedro, vencendo a morte. Mais do que o apóstolo, Jesus ansiava pelo reencontro. O pescador queria muito pedir perdão, mas não imaginava que o desejo que Jesus tinha de perdoá-lo era infinitamente maior. Foi justamente por isso que ele havia se entregado no calvário, para perdoar. A imagem que Jesus carregava de seu discípulo não era da noite em que o galo cantou, mas sim dos dias em que dele havia ouvido: “tu és o Cristo, o filho do Deus vivo” e “para quem iremos? Tu tens as palavras de vida eterna”. Jesus se lembrava de Pedro

com amor.Terceiro dia. Pedro recorda que Jesus havia avisado-o que ele iria negá-lo. Ficou a meditar. Jesus já sabia, e, apesar disso, fez questão de mantê-lo perto até o último momento. Seu coração começou a bater mais forte. O aviso de Jesus que no primeiro momento parecia uma sentença, no presente instante se transformou em alento. Talvez esse tenha sido o motivo do aviso, para que no terceiro dia ele pudesse entender que Jesus nunca o abandonaria. Mesmo sabendo que ele iria falhar, Jesus tinha continuado a amar seu discípulo. Independentemente de seus erros, passados ou futuros, Jesus quis Pedro sempre perto dele. Seu coração acelerou ainda mais. A porta da casa se abre de repente e uma mulher entra correndo aos gritos: “o sepulcro está vazio".

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